
Em 1935, quando Mário de Andrade era chefe do Departamento de Cultura do Município de São Paulo, mandou comprar dois mil livros para o acervo da Biblioteca Pública. Mas proibiu a aquisição de textos em espanhol. "A semelhança entre o espanhol e o português pode levar o nosso povo a 'espanholizar' a sua linguagem", justificou.
Não se poderia esperar outra coisa do autor de Macunaíma, o livro mais importante do modernismo, que narra a história do herói sem nenhum caráter. Mário Raul de Almeida Leite Moraes de Andrade dedicou seus 30 anos de vida profissional à busca da genuína cultura brasileira. Foi antropólogo, folclorista, musicólogo e fotógrafo. Foi o pai do modernismo, o poeta paulistano por excelência. "Sou trezentos... sou trezentos-e-cinquenta", escreveu.
Nasceu pobre, em 9 de outubro de 1893, na rua Aurora, centro de São Paulo, cidade pela qual nutriu um amor comovente. Formou-se no Conservatório Dramático e Musical e deu aulas de piano até estrear na literatura como cronista, em 1917, na revista Ilustração Brasileira. Mas foi em 1922, como um dos ideólogos da Semana de Arte Moderna, que lançou Paulicéia desvairada, que revolucionou a linguagem poética brasileira, pregando o verso livre.
Passou a vida ao lado da mãe, dona Mariquinha, e da tia Nhánhá, matando as horas em cima da máquina de escrever, que ele chamava de "Manuela", em homenagem ao amigo Manuel Bandeira. Era um obcecado escrevedor de cartas, respondeu a quase todas as sete mil que recebeu. Lacrava-as à medida que lia e pediu que só fossem abertas 50 anos depois de sua morte, para não comprometer ninguém.
Merenda escolar
"Sou muito afetivo e dedico um imenso amor humano a tudo o que me cerca", escreveu. Parte deste "amor humano" Mário dedicou à cidade de São Paulo durante sua gestão no Departamento de Cultura, entre 1935 e 1938. Quando o prefeito Paulo Prado convidou o poeta para ocupar o cargo, ouviu a resposta: "Deus me livre! E o meu sossego, onde fica?" Mas acabou aceitando. Esqueceu o sossego e criou a biblioteca pública, a merenda escolar, o Departamento de Patrimônio Histórico e a Sociedade de Etnografia e Folclore. O Estado Novo passou a dificultar seu trabalho e Mário viu tudo o que tinha feito ir por água abaixo. Desgostoso, mudou-se para o Rio, onde ficou até 1941.
Muitos acreditam que foi esta decepção que o levou à morte, em 1945, aos 52 anos. Quatro meses antes de sucumbir a um infarto, dizia que atravessava uma "fase dolorosa de depressão e exaltação política". Mas viveu tudo o que queria e podia: "Diante da vida, eu não tenho o prazer de um espetáculo. Eu vivo."
VOCÊ SABIA?
Provocava ciúmes no antropólogo Lévi-Strauss porque era muito amigo da mulher dele, Dina. Só depois da morte de Mário, o francês descobriu que se preocupava em vão. O escritor era homossexual.
OBRA-PRIMA:
· Paulicéia desvairada (1922)
· Amar, verbo intransitivo (1927)
· Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (1928)
· O empalhador de passarinhos (1944)
· Lira paulistana (1946)
Fonte: http://www.terra.com.br/istoe/biblioteca/brasileiro/literatura/lit14.htm
Não se poderia esperar outra coisa do autor de Macunaíma, o livro mais importante do modernismo, que narra a história do herói sem nenhum caráter. Mário Raul de Almeida Leite Moraes de Andrade dedicou seus 30 anos de vida profissional à busca da genuína cultura brasileira. Foi antropólogo, folclorista, musicólogo e fotógrafo. Foi o pai do modernismo, o poeta paulistano por excelência. "Sou trezentos... sou trezentos-e-cinquenta", escreveu.
Nasceu pobre, em 9 de outubro de 1893, na rua Aurora, centro de São Paulo, cidade pela qual nutriu um amor comovente. Formou-se no Conservatório Dramático e Musical e deu aulas de piano até estrear na literatura como cronista, em 1917, na revista Ilustração Brasileira. Mas foi em 1922, como um dos ideólogos da Semana de Arte Moderna, que lançou Paulicéia desvairada, que revolucionou a linguagem poética brasileira, pregando o verso livre.
Passou a vida ao lado da mãe, dona Mariquinha, e da tia Nhánhá, matando as horas em cima da máquina de escrever, que ele chamava de "Manuela", em homenagem ao amigo Manuel Bandeira. Era um obcecado escrevedor de cartas, respondeu a quase todas as sete mil que recebeu. Lacrava-as à medida que lia e pediu que só fossem abertas 50 anos depois de sua morte, para não comprometer ninguém.
Merenda escolar
"Sou muito afetivo e dedico um imenso amor humano a tudo o que me cerca", escreveu. Parte deste "amor humano" Mário dedicou à cidade de São Paulo durante sua gestão no Departamento de Cultura, entre 1935 e 1938. Quando o prefeito Paulo Prado convidou o poeta para ocupar o cargo, ouviu a resposta: "Deus me livre! E o meu sossego, onde fica?" Mas acabou aceitando. Esqueceu o sossego e criou a biblioteca pública, a merenda escolar, o Departamento de Patrimônio Histórico e a Sociedade de Etnografia e Folclore. O Estado Novo passou a dificultar seu trabalho e Mário viu tudo o que tinha feito ir por água abaixo. Desgostoso, mudou-se para o Rio, onde ficou até 1941.
Muitos acreditam que foi esta decepção que o levou à morte, em 1945, aos 52 anos. Quatro meses antes de sucumbir a um infarto, dizia que atravessava uma "fase dolorosa de depressão e exaltação política". Mas viveu tudo o que queria e podia: "Diante da vida, eu não tenho o prazer de um espetáculo. Eu vivo."
VOCÊ SABIA?
Provocava ciúmes no antropólogo Lévi-Strauss porque era muito amigo da mulher dele, Dina. Só depois da morte de Mário, o francês descobriu que se preocupava em vão. O escritor era homossexual.
OBRA-PRIMA:
· Paulicéia desvairada (1922)
· Amar, verbo intransitivo (1927)
· Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (1928)
· O empalhador de passarinhos (1944)
· Lira paulistana (1946)
Fonte: http://www.terra.com.br/istoe/biblioteca/brasileiro/literatura/lit14.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário