
Em 1951, o jornalista Samuel Wainer convidou Nelson Rodrigues para trabalhar na Última Hora, assinando uma coluna policial. Sugeriu que a primeira falasse de um casal que morrera num desastre de avião partindo para a lua-de-mel, uma notícia que o jornal tinha dado no dia anterior. Nelson sentou à máquina e metralhou em alguns minutos a dramática história dos dois pombinhos. Como Wainer contaria mais tarde, achou o texto uma "obra-prima, mas Nelson tinha modificado nomes e situações". Chamou-o e pediu que fosse fiel à realidade. E ouviu a resposta: "Não, Samuel, a realidade não é essa. A vida como ela é é outra coisa." Wainer entendeu e resolveu apostar. Queria que a coluna levasse o nome de "Atire a primeira pedra", mas Nelson preferiu "A vida como ela é..."
Torcedor fanático do Fluminense, conhecia como ninguém a alma do povo. Personagens e cenário eram sempre os mesmos: funcionários públicos, mulheres adúlteras, desempregados e machistas da zona norte carioca, onde Nelson morou na infância logo que chegou, aos três anos, do Recife, onde nasceu a 23 de agosto de 1912. A inspiração para as histórias dramáticas ele buscava nas lembranças dos tempos de menino, nos casos que os amigos contavam e nos fatos mais corriqueiros das páginas policiais. A coluna foi um sucesso estrondoso e Nelson ganhou uma quantia de dinheiro com a qual não estava acostumado.
Batata!
A atividade de escritor nas páginas dos jornais veio pouco antes do estouro como dramaturgo, em 1945, quando a peça Vestido de noiva revolucionou a linguagem teatral brasileira. Em 1944, criou o pseudônimo Suzana Flag, e assinou, em O Jornal, o folhetim Meu destino é pecar. Alavancou a circulação do periódico de três mil para 30 mil exemplares. O enredo dos contos e folhetins pouco variavam, e os finais eram quase sempre previsíveis. O que muitos chamavam de "falta de imaginação", para ele era uma "fórmula de sucesso": todo mundo que lia, gostava. Era "batata".
Em "A vida como ela é...", soltou a frase "toda mulher gosta de apanhar" na boca de um personagem. Depois aperfeiçoou-a: "Nem todas. Só as normais." Elza, a primeira esposa, ouvia diariamente perguntas do tipo "seu marido já te bateu hoje?", até que pediu a Nelson que esclarecesse a história. Ele nem quis saber, disse que "se a pessoa é burra e não entende o que quis dizer, problema dela. Burro nasce que nem capim."
Frasista imcomparável, disse que "toda unanimidade é burra", mas quando morreu, aos 68 anos, em 1980, vítima de trombose e insuficiências circulatória e respiratória, era quase uma unanimidade.
VOCÊ SABIA?
Rodaram o videoteipe para confirmar a validade de um lance contra o Fluminense. Foi unanimidade: pênalti claro. Nelson gritou: "Câmera em mim! Se o videoteipe diz que foi pênalti, pior para ele. O videoteipe é burro! E é só o que tenho a dizer".
OBRA-PRIMA:
· Meu destino é pecar, folhetim (1944)
· Asfalto selvagem, folhetim (1960)
· A vida como ela é..., contos (1961)
· O óbvio ululante, crônica (1968)
· Elas gostam de apanhar, contos (1974)
Fonte: http://www.terra.com.br/istoe/biblioteca/brasileiro/literatura/lit15.htm
Torcedor fanático do Fluminense, conhecia como ninguém a alma do povo. Personagens e cenário eram sempre os mesmos: funcionários públicos, mulheres adúlteras, desempregados e machistas da zona norte carioca, onde Nelson morou na infância logo que chegou, aos três anos, do Recife, onde nasceu a 23 de agosto de 1912. A inspiração para as histórias dramáticas ele buscava nas lembranças dos tempos de menino, nos casos que os amigos contavam e nos fatos mais corriqueiros das páginas policiais. A coluna foi um sucesso estrondoso e Nelson ganhou uma quantia de dinheiro com a qual não estava acostumado.
Batata!
A atividade de escritor nas páginas dos jornais veio pouco antes do estouro como dramaturgo, em 1945, quando a peça Vestido de noiva revolucionou a linguagem teatral brasileira. Em 1944, criou o pseudônimo Suzana Flag, e assinou, em O Jornal, o folhetim Meu destino é pecar. Alavancou a circulação do periódico de três mil para 30 mil exemplares. O enredo dos contos e folhetins pouco variavam, e os finais eram quase sempre previsíveis. O que muitos chamavam de "falta de imaginação", para ele era uma "fórmula de sucesso": todo mundo que lia, gostava. Era "batata".
Em "A vida como ela é...", soltou a frase "toda mulher gosta de apanhar" na boca de um personagem. Depois aperfeiçoou-a: "Nem todas. Só as normais." Elza, a primeira esposa, ouvia diariamente perguntas do tipo "seu marido já te bateu hoje?", até que pediu a Nelson que esclarecesse a história. Ele nem quis saber, disse que "se a pessoa é burra e não entende o que quis dizer, problema dela. Burro nasce que nem capim."
Frasista imcomparável, disse que "toda unanimidade é burra", mas quando morreu, aos 68 anos, em 1980, vítima de trombose e insuficiências circulatória e respiratória, era quase uma unanimidade.
VOCÊ SABIA?
Rodaram o videoteipe para confirmar a validade de um lance contra o Fluminense. Foi unanimidade: pênalti claro. Nelson gritou: "Câmera em mim! Se o videoteipe diz que foi pênalti, pior para ele. O videoteipe é burro! E é só o que tenho a dizer".
OBRA-PRIMA:
· Meu destino é pecar, folhetim (1944)
· Asfalto selvagem, folhetim (1960)
· A vida como ela é..., contos (1961)
· O óbvio ululante, crônica (1968)
· Elas gostam de apanhar, contos (1974)
Fonte: http://www.terra.com.br/istoe/biblioteca/brasileiro/literatura/lit15.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário