sábado, 7 de junho de 2008

José Lins do Rego



Nem só crônicas e romances escrevia José Lins do Rego. O escritor paraibano dedicava grande parte de seu tempo respondendo as cartas dos amigos, na maioria comunistas de carteirinha. Rego se filiara ao Integralismo, a versão tropical do fascismo que arrastava milhares de nacionalistas exacerbados na década de 30. Tentava se livrar da pecha de ultradireitista, dizendo que havia entrado no movimento por pensar que se tratava de uma postura nacionalista, mas estava arrependido. Os amigos respondiam que integralista era como mulher perdida, depois que caía na vida, não limpava o nome nunca mais. De fato, a cada correspondência, a cada piada, o falador e expansivo Zé Lins reafirmava: "Está bem, confesso que errei." Mas nunca se livrou da fama.

Idéias nacionalistas
Lins do Rego é um dos principais representantes da corrente regionalista da literatura brasileira. Nasceu em Engenho Corredor, na Paraíba, a 3 de julho de 1901. Os primeiros escritos datam de sua época de estudante de Direito. Eram contos e artigos que versavam, quase sempre, sobre política. Em 1923, quando se formou, conheceu Gilberto Freyre, recém-chegado da Europa, cheio de idéias nacionalistas. "De lá para cá, minha vida foi outra, foram outras as minhas preocupações, outros os meus planos e leituras", disse Lins do Rego.

Menino de engenho (1932), obra capital do romance nordestino, foi recusada por diversos editores e acabou sendo publicada à custa do próprio autor, obtendo sucesso de crítica e esgotando-se logo na primeira edição. Acima de tudo um memorialista, o escritor paraibano foi capaz de recriar o mundo de sua infância e retornar às suas origens, quando viveu nos engenhos de açúcar, cercado de cangaceiros, beatos, meninos pobres e velhos coronéis. Em seus livros, Lins do Rego conseguiu dar dimensão épica aos personagens de sua infância.

Nomeado promotor público, se transferiu primeiro para Manhançu (MG). Escreveu os primeiros livros em Maceió (AL), para onde se mudou em 1926. Dez anos mais tarde, radicou-se no Rio de Janeiro, onde se estabeleceu em definitivo. Na antiga capital, participou ativamente das rodas literárias. Dos papos de bar surgiu a idéia de elaborar um livro curioso. Proposto pelo escritor Anibal Machado, a trama seria escrita a dez mãos, incluindo as de Jorge Amado, Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos, além do próprio Lins do Rego. Cada um ficava encarregado de escrever um capítulo, encrencando a história para o companheiro encarregado da continuação. A certa altura, decidiram matar todos os personagens e dar um ponto final à obra. Lins do Rego morreu de câncer em setembro de 1957.

VOCÊ SABIA?
Foi o primeiro a quebrar as regras na ABL, em 1955. Em vez de elogiar o antecessor, como de costume, disse que Ataulfo de Paiva não poderia ter ocupado a cadeira por faltar-lhe vocação.

OBRA-PRIMA:
· Menino de engenho (1932)
· Banguê (1934)
· Moleque Ricardo (1935)
· Riacho doce (1939)
· Fogo morto (1943)
· Cangaceiros (1953)

Fonte: http://www.terra.com.br/istoe/biblioteca/brasileiro/literatura/lit17.htm

Nenhum comentário: